Dando uma sapeada aqui e ali pela internet, acabei
parando na Folha de São Paulo. Admito que, além das noticias, gosto de dar uma
olhada nos textos de comentaristas e blogueiros. Ai hoje me deparo com um post : “Bolsistas no exterior não
falam inglês por porque ninguém fala inglês”, escrito por Sabine Righetti,
doutora e especialista em politicas de educação e ciência. Bom, pelo
titulo já notei que havia um redondismo tremendo. Ao ler o texto a coisa
piorou.
Righeti puxa o fato que alunos brasileiros no
exterior, principalmente aqueles contemplados com bolsas do programa Ciências sem Fronteiras,
apresentam tremenda dificuldade na língua inglesa. Por esse motivo não estão
sendo aceitos em institiucoes e os alguns que já foram podem ter que voltar ao
Brasil devido a deficiência linguística. Ate ai tudo bem, tudo entendido. Mas a
coisa se complica quando a doutora apresenta seu diagnostico e sua solução para
se resolvêr o problema. Segundo Sabine os alunos brasileiros não falam, não
escrevêm e não leem em inglês porque no Brasil não temos inglês nas universidades.
Devido a isso, os alunos não podem praticar a lingua inglesa, escrever suas
dissertações, fazer publicações, falar
com os amigos no campus etc . O remédio, segundo a blogueira, seria colocar
inglês nas univêrsidades e pronto, tudo seria resolvido. Com suas próprias palavras ela diz: ...”
Simples: porque no Brasil não há inglês no ensino univêrsitário”. Oras, sera
que a doutora se esqueceu que todos os estudantes brasileiros tem oito, eu
disse “OITO”, anos de ensino da língua inglesa? Pelo currículo do MEC, a
garotada começa os estudos do inglês no quinto ou sexto ano do fundamental e
vão ate o fim do ensino médio. Isso no
setor publico. No privado, crianças tem dois ou três anos a mais. Isso seria, em
qualquer pais do mundo, carga horaria suficiente para ser ter sólidos
conhecimentos da língua.
A solução da blogueira me faz lembrar a parodia do carpinteiro que vê somente o
martelo como soluções para qualquer tipo de problema, ou sejá, tudo eh prego .
A doutora Righeti, como professora da UNICAMP, naturalmente apoia mais do
mesmo. Alias, eu estudei na UNICAMP e la havia sim cursos avulsos de línguas,
que qualquer um poderia se matricular, bastando tao somente vontade propria.
Entao não Sabine, os alunos não falam inglês porque ninguém fala inglês, mas
sim porque a metodologia de ensino, não somente línguas mas como nas demais
disciplinas, eh feita de forma erronea, não previlegiando o conhecimento e sim
o “canudo” e os titulos.
Todos os estudantes univêrsitaros serios já sabem
inglês antes de ingressar nas instituicoes. Alias, inglês , em faculdades
consideradas relevantes, eh um pre-requisito
na admissao dos calouros atravês dos vestibulares.
No pequeno post a professora aprovêita tambem para
defender o indefensavel: de que as universidades
brasileiras sao pouco internacionalizadas (leia-se sem expressao alguma mundialmente) porque os
alunos não escrevem em inglês e não o aprendeem nas universidades. Oras de
novo. Que falacia e essa? Quem ela pensa
que engana? As universidades brasileiras não sao pouco internacionalizada, isso
e eufemismo. O Brasil esta totalmente fora da comunidade intelectual
internacional. Nenhuma descoberta de importancia relevante acontece no pais. A
razao disso não e falta de língua estrangeira e sim a coisificacao, massificao
do ensino e a veneracao aos titulos . Isso sim e o motivo pelo qual universitarios
não falam inglês: desprezo ao conhecimento, muitas vezes aliadas a ideologias “anti-imperialistas”
que pairam nas cabecas de estudantes, principalmente nas areas de estudos
sociais.
Entao esse pessoal que estaria voltando ou não indo
para instuicoes onde o ingles eh requsito, seriam por dois motivos na minha
visao: ou frequentam ou frequentaram universidades de baixa qualidade que se
espalham aos montes pelo Brasil e ou se trata de cotistas em instituicoes de um
pouco mais gabarito. Aposto 1 cent que se pesquisarem sera isso que vão
encontrar.